Análise do 1º momento dos Nacionais do Desporto Escolar em Évora

13-05-2013 11:22

 

É o culminar de um ano (ou mais) de trabalho com os alunos, muitas vezes apoiado na carolice dos professores responsáveis, fundamental para que este projeto essencial funcione nas escolas. Isto é válido para todas as escolas, finalistas ou não.

 

Se esta notícia fosse de um jornal desportivo, apareceriam aqui os resultados das competições disputadas este fim de semana. Para isso, há sítios mais apropriados para os consultar. Contudo, entendo que a componente "competição" (apesar de muito importante) deve vir depois da componente "formação" (desportiva e pessoal). E pelo que ouvi (porque não estive lá), nesse aspeto foi um sucesso. Parabéns a todos!

 

Certamente, haverá permanentemente pontos de melhoria mas, tenho pena que em várias escolas em que já passei, haja um ou outro colega que diz "não quero nada com o desporto escolar".

 

Para esses colegas, poderia fazer aqui uma análise pessoal deste projeto, mas seria sempre enviesada pela minha situação profissional. Assim, transcrevo um texto de "O blog da canária", contendo uma análise mais independente:

 

 

"Porque, como eles dizem, Desporto Escolar é Não Parar!

Este fim-de-semana fiquei a conhecer um bocadinho melhor o mundo dos professores. Em particular, o mundo dos professores de Educação Física. Mais em particular ainda, o mundo do Desporto Escolar.

 

Desta vez foi em Évora. Nos Nacionais 2013.

Dezenas de escolas, centenas de miúdos dos 14 aos 16 anos. Basquetebol, Voleibol, Andebol, Futsal, Atletismo, Provas de Orientação e Corridas, Perícias em Patins.

 

Pavilhões novos ou pavilhões velhos. Pouco importava, porque a motivação pareceu-me sempre a mesma. Nas bancadas, a família, a torcer por eles. Os “seus meninos”, como ouvi de duas mães que estavam ao meu lado.

Caixotes de t-shirts coloridas para todos, listas de presenças. Organização. Mas que grande organização.

 

Carolice, trabalho de equipa. Sangue, suor e lágrimas. Mas também divertimento. Sim, eu que nada tinha a ver com aquilo, que de desporto nada pesco, aprendi. E diverti-me à brava. Gente boa.

Ao contrário do que por aí se diz, o que eu vi ali foi gente empenhada. Homens e mulheres que trabalham durante a semana e que depois ainda o fazem durante o fim-de-semana. Muitas vezes, em prejuízo das próprias famílias.

 

Pagam-lhes bem? Não. Pagam-lhes mais por isto? Não. Vi alguém de má cara, contrariado? Claramente que não.

O que vi foi a dedicação, a vontade de fazer tudo andar, de cumprir o programa, de dar medalhas, de valorizar os “atletas”. De os manter no caminho certo para serem alguém no futuro. Através da prática desporto e do que ela nos ensina.

 

Miúdos que, de Norte a Sul do país, se deslocaram das suas terras, tantas vezes longínquas, para competir. Quem pagou? O Desporto Escolar.
 
 
Entre vários, um momento que retive: no fim de um almoço no refeitório da escola que servia de quartel-general à organização, depois de passar a manhã a entrar e a sair das escolas envolvidas, um café na sala de professores. Depois de alguns momentos de anedotas e de gargalhadas, como só os alentejanos sabem contar, altura para ponto de situação. Momento mais sério. Profissional. De concentração.

Rever como estava a correr, o que faltava, em que ponto se estava do programa. Como o cumprir até ao fim. Nada podia falhar. Tudo em prol dos miúdos, que levam este momento tão a sério. Até ao fim.


Directores Gerais, Coordenador Nacional, Coordenadores Regionais, Professores Responsáveis de Grupos Equipa, Equipa Nacional, Professores de Apoio, Coordenadores Nacionais de Modalidade e Alunos. Todos juntos. Sem queixas. A remar para o mesmo lado.

 

Nas competições vi miúdos felizes, com vontade de dar palco às suas escolas, de lhes dar destaque. De as pôr no pódio. De subirem ao pódio.

Vi miúdos dedicados ao desporto ao invés de perdidos pelas ruas a fazer disparates e a tornarem-se delinquentes. Vi miúdos com vontade de fazer desporto. Vi miúdos com saúde. E tudo isto sem terem que pagar. O Desporto Escolar é gratuito. Combate o insucesso escolar. Melhora a aprendizagem e o ensino. Promove a vida saudável e o trabalho de equipa. Faz de a quem a ele tem acesso, pessoas mais equilibradas.

 

É uma máquina gigante. Nacional. E oleada. Pelo que eu vi, muito bem oleada. Tarefas bem definidas, cada um sabe o seu papel de cor. Máquina posta a trabalhar por gente que se dedica a fundo ao projecto. Gente que leva cortes no salário, mas que continua a organizar estes momentos apenas com um objectivo: mostrar aos jovens que é importante manterem-se ligados ao desporto. Que a prática do desporto os vai fazer chegar mais longe.

Mesmo que nem todos se tornem Cristianos Ronaldos, aprendem que há mais para lá de jogos de computador, televisão e noitadas desregradas.

 

Senhores governantes, ponham os olhos nisto, apostem nisto. O Desporto Escolar é um dos caminhos mais importantes para termos gente bem formada no nosso país. Que tanta falta fazem. Como tão bem sabemos.
 
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